Senador denuncia ataque homofóbico de bolsonarista na CPI

Senador denuncia ataque homofóbico de bolsonarista na CPI
Imagem Ilustrativa

Na abertura da sessão da CPI da Covid nesta quinta-feira (30), o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) fez um discurso contra uma frase homofóbica postada em redes sociais pelo depoente, o empresário bolsonarista Otávio Fakhoury. Contarato, que é casado com um homem e tem dois filhos, disse para Fakhoury: "Sua família não é melhor que a minha".

Contarato também pediu que a polícia legislativa investigue Fakhoury por homofobia. O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pediu que o Ministério Público Federal seja informado sobre "ocorrência de eventual crime de homofobia por parte do depoente".

O discurso de Cantarato foi feito a partir da cadeira da presidência da CPI. O presidente, Omar Aziz (PSD-AM), lhe cedeu o lugar temporariamente, para dar destaque à fala.

A postagem de Fakhoury que Contarato respondeu se aproveitava de um erro de ortografia cometido pelo senador também em uma rede social. O parlamentar, na ocasião, havia comentado o depoimento do ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, um dos primeiros a ser ouvidos na CPI. Contarato escreveu que Wajngarten deveria ser preso e que, no depoimento, se configurou "estado fragancial (sic)".

Ao ter o depoimento marcado pela CPI, na semana passada, Fakhoury atacou Contarato.

"O delegado [Contarato], homossexual assumido, talvez estivesse pensando no perfume de alguma pessoa ali daquele plenário... Quem seria o 'perfumado' que lhe cativou?", escreveu o empresário bolsonarista.

Nesta quinta, com a voz embargada, dirigindo-se a Fakhoury, Contarato respondeu:

"O senhor não é um adolescente. O senhor é casado, tem filhos. A sua família não é melhor que a minha", afirmou o senador.

"Eu aprendi que a orientação sexual não define caráter, a cor da pele não define o caráter, poder aquisitivo não define caráter", continuou Contarato. "Eu sonho com o dia em que eu não vou ser julgado por minha orientação sexual. Sonho com o dia que meus filhos não serão julgados por ser negros."

"Eu sonho com um dia em que minha irmã não vai ser julgada por ser mulher e que o meu pai não será o julgado por ser idoso", continuou o senador.

Contarato afirmou ainda que Fakhoury representa bem o presidente Jair Bolsonaro, por ser alguém que defende a família, que defende a moralidade, mas acaba violando a moralidade e a legalidade. E disse que o dia em que as pessoas não serão mais discriminadas ainda não chegou por causa desse tipo de comportamento.

"Esse dia ainda não chegou, porque o senhor é o tipo da pessoa que retrata muito bem esse presidente da República, que fala na família, na família tradicional, mas a minha família não é pior do que a sua, porque a mesma certidão de casamento que o senhor tem eu também tenho; que fala na Pátria, que fala na legalidade, que fala na moralidade, mas o senhor é o principal violador dessa legalidade e moralidade; que fala em Deus acima de todos. Deus está no meio de nós", completou o senador.

Contarato afirmou que, se Fakhoury fosse realmente a favor da legalidade, saberia que a Constituição determina o fim de todo o tipo de discriminação.

"Se o senhor obedecesse ao princípio da legalidade, o senhor saberia que no art. 3º, inciso IV, da Constituição Federal está expresso que um dos princípios, que um dos fundamentos da República Federativa do Brasil é promover o bem-estar de todos e abolir toda e qualquer forma de discriminação, toda e qualquer forma de discriminação", declarou o parlamentar.

Após o discurso do senador, Fakhoury pediu desculpas e disse que não teve a intenção de ofender. Disse também que sua postagem foi infeliz.

Fonte: Marcela Mattos, Filipe Matoso e Sara Resende, g1 e TV Globo — Brasília