Dermatologista explica sobre combate e prevenção da hanseníase
Provocada pela bactéria Mycobacterium leprae, a hanseníase é considerada uma doença crônica, transmissível por meio do contato próximo e frequente com pessoas infectadas não tratadas. Nesse contexto, a informação qualificada é uma importante aliada no enfrentamento e prevenção à doença.
O médico dermatologista do Ipesaúde, Marcos Daniel Seabra, alerta os beneficiários sobre o tema. Segundo o profissional, a doença é causada por uma bactéria muito parecida com a da tuberculose, e tem cura. Para tanto, é preciso um tratamento adequado, a fim de reduzir consideravelmente as chances de sequelas. “É preciso debater sobre a hanseníase para mostrar à população e aos nossos beneficiários que essa doença ainda existe e precisa de alerta”, destaca.
O alvo da doença são os nervos, que se espalham pelo corpo todo. “Esses nervos são importantes para que as mãos e os braços funcionem normalmente. Sem o tratamento devido, com o passar dos anos, essas bactérias alojadas no nervo da pele vão causando uma atrofia do músculo, gerando deformidades”, alerta o dermatologista. Ele explica, ainda, que os sinais na pele são consequência do comprometimento dos nervos. Entre estes sintomas estão manchas brancas e vermelhas, placas, caroços, ressecamento e queda de pelos. “Quando não se inicia o tratamento precocemente, ocorre também perda de sensibilidade, que pode chegar a atrofia, deformidades e até destruição de algum osso”, informa.
Anualmente surgem cerca de 30 mil casos de hanseníase no Brasil, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Só em Sergipe nos últimos 12 anos foram identificados 659 casos, como mostram os dados do DataSUS, do Ministério da Saúde (MS). A doença está na lista de Doenças Tropicais Neglingenciadas (DTN) da Organização Mundial da Saúde (OMS). Marcos Daniel reforça que “é preciso chamar a atenção para que a população identifique os sinais e vá em busca do diagnóstico precoce. Assim, garantimos uma rápida cura e evitamos o contágio”.
Transmissão e tratamento
Apesar de ocorrer por via aérea, a transmissão da hanseníase não é altamente infecciosa como a da Covid-19. Para que a doença acometa uma pessoa, é necessário um longo período de exposição à bactéria. “É possível que a pessoa tenha tido contato com algum doente, tenha se infectado e só depois de sete anos a doença comece a aparecer e a se manifestar. Isso acontece porque o período de incubação da doença é bastante lento”, acentua Marcos.
A hanseníase tem cura e o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza diagnóstico e tratamento gratuitamente. O tratamento é à base de antibióticos e dura entre seis meses e um ano, segundo o dermatologista do Ipesaúde. A identificação é feita através de um exame clínico dermatoneurológico, que detecta lesões e testa a reação da mancha na pele do paciente quando exposta ao calor e ao frio. Nos casos em que a doença está alojada apenas nos nervos, há outros exames que auxiliam na condução do tratamento, como a biópsia e a baciloscopia.
Além do tratamento, a vacina BCG (Bacilo de Calmette e Guérin) é indicada aos indivíduos susceptíveis à hanseníase, sendo uma opção na prevenção primária da doença. Ela é aplicada nas pessoas que têm contato e convivem com pessoas diagnosticadas com hanseníase. “O Ministério da Saúde, por meio do SUS, disponibiliza a vacina BCG com foco na tuberculose, mas que também abarca os intradomiciliares de pacientes com hanseníase por terem as microbactérias parecidas. Segundo dados do MS, para cada doente com hanseníase existem seis outros doentes na comunidade que não foram diagnosticados ainda. Por isso, é notável a importância da vacina e da consulta médica com dermatologista para todos os que tiverem contato com pessoa com hanseníase”, ressalta.
As pessoas que vivem com hanseníase são frequentemente discriminadas e estigmatizadas. Esta situação impacta na redução do acesso ao diagnóstico e na procura pelo tratamento. “É preciso lidar com a hanseníase dando a ela a atenção que merece, informando a população e fazendo com que procure médicos especializados para realizar os exames clínicos necessários. Só assim teremos tratamentos eficazes para o fim da hanseníase”, evidencia o dermatologista do Ipesaúde.
Fonte: Ipesaúde