Oscilações de humor, obsessão por bruxaria e fogo: criança de 11 anos que incendiou casa dos avós já preocupava família

Oscilações de humor, obsessão por bruxaria e fogo: criança de 11 anos que incendiou casa dos avós já preocupava família
Imagem do interior do apartamento destruído em incêndio provocado por criança de 11 anos em Patos de Minas (MG) — Foto: Reprodução

Uma série de comportamentos da criança de 11 anos que ateou fogo na casa dos avós e depois saiu para andar de patins, em Patos de Minas (MG), está sendo analisada. Há relatos de que a menina já tinha apresentado oscilações de humor antes de ter tido a reação inesperada de incendiar o apartamento e deixar os avós trancados no quarto. Ela teria reagido ao fato de que a avó a proibira de usar o celular porque teria visto várias buscas feitas pela neta por "rituais de bruxaria". A polícia ainda não sabe se o incêndio teve relação com o interesse pelo tema.

A cena de do casal pulando do 4º andar do prédio para fugir do fogo viralizou nas redes sociais no último fim de semana. O momento foi desesperador e era possível ver que o idoso foi quem convenceu e ajudou a mulher a pular primeiro. Depois ele próprio saltou. A queda dos dois foi amortecida por colchões colocados por vizinhos e eles foram socorridos e levados para um hospital. A avó de 53 anos apresentava dor no peito e nas pernas e foi levada para o Hospital Regional Antônio Dias (HRAD). Com fratura, ela passaria por uma cirurgia. O avô tem 70 anos e não precisou de atendimento médico.

Antes de atear fogo, a menina teria pedido para usar o celular, o que foi negado pela avó. Ela então trancou os dois no quarto por fora e deu início ao incêndio. O avô arrombou a porta para sair, mas a sala já pegava fogo. Foi quando perceberam que só conseguiriam sair pulando e então romperam a tela de proteção da janela. Do lado de fora, moradores já estavam a postos para ajudá-los e uma grande quantidade de fogo e fumaça já era vista no apartamento.

Depois de ter incendiado o apartamento, a criança desceu para o play para andar de patins. As primeiras informações sobre as circunstâncias foram publicadas pela Rádio Itatiaia e jornal O Tempo, que tiveram acesso ao conteúdo do Boletim de Ocorrência registrado pela Polícia Militar. Quando os Bombeiros chegaram no condomínio, no bairro de Ipanema em Patos de Minas, o casal já havia escapado.

Moradores do condomínio Morada das Palmeiras, no bairro Ipanema, em Patos de Minas, onde aconteceu o caso, estão chocados com a atitude da criança que costumava passar o fim de semana com os avós. Eles se mobilizaram para ajudar o casal a reconstruir o apartamento de 45 metros quadrados que ficou completamente destruído. Síndico do condomínio, Abner dos Santos contou como foi desesperador o momento em que os moradores resolveram colocar colchões no chão, bem próximo à fachada do prédio, para que as vítimas do incêndio pudessem pular. Ao mesmo tempo, ele e policiais militares tentavam apagar o fogo que chegava ao hall do quarto andar. Ao todo, 15 extintores foram usados na tentativa de aplacar as chamas e chegar até o casal por dentro do imóvel.

— Ela era uma criança normal, estava sempre brincando no play. Ninguém nunca poderia imaginar que uma menina pequena como aquela pudesse fazer uma barbaridade dessas com os avós. Tudo porque a avó teria descoberto que ela fazia buscas sobre bruxaria no celular. Ninguém nunca desconfiou de nada — diz Abner, acrescentando que a avó caiu muito próxima à fachada do prédio e teve uma fratura no pé.

Sem maiores ferimentos, o avô passou o dia recolhendo todo o entulho de dentro do apartamento, com a ajuda de parentes e amigos. Com uma vaquinha que está sendo feita pelos vizinhos e também via grupos de whatsapp da cidade, os moradores do condomínio esperam arrecadar parte dos recursos necessários a reconstrução da casa. Ninguém sabe ainda o que a menina teria usado para dar início ao incêndio.

A criança foi entregue à mãe e será acompanhada pelo Conselho Tutelar. De acordo com a entidade, a criança foi ouvida e será observada por assistentes sociais e psicólogos. O relato feito pela menina à conselheira que a atendeu está sob sigilo de Justiça. A entidade adotou as providências previstas pelo artigo 101 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que, entre outras coisas, prevê tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico em regime hospitalar ou ambulatorial, entre outras medias. A Polícia Civil de Minas informou que "irá analisar as causas e circunstâncias do fato".

Fonte: O GLOBO