Promessa frustrada e de perfil calado: jornalistas colombianos contam quem é “Índio” Ramírez

Promessa frustrada e de perfil calado: jornalistas colombianos contam quem é “Índio” Ramírez
Índio Ramírez pelo Bahia — Foto: Felipe Oliveira / EC Bahia / Divulgação

Acusado de injúria racial pelo meia Gerson, do Flamengo, Juan Pablo Ramírez está afastado das atividades do Bahia até que o clube conclua uma investigação interna sobre o ocorrido. Até a partida do último domingo, disputada no Maracanã, o colombiano apelidado de “Índio” era um nome pouco conhecido no futebol brasileiro. Para os torcedores do Bahia, seu cartão de visitas foi mostrado somente no dia 9 deste mês, na derrota para o Defensa y Justicia, na Sul-Americana.

Para entender quem é o jogador que está no centro do debate no Brasil desde o fim de semana, o ge conversou com três jornalistas colombianos.

Juan Pablo Ramírez, de 23 anos, nunca esteve envolvido em grandes polêmicas. Ele é descrito como um atleta “calado” dentro de campo, por isso a acusação de injúria racial surpreendeu “muito” a Jhon Jaime Osório, jornalista da Rádio Caracol.

- [Se surpreendeu?] Muito. Inclusive é um jogador muito calado no campo. Um grande talento, mas intermitente em seu jogo. Nunca teve problemas de disciplina. As críticas sempre foram pela intermitência em seus jogos - conta.

Desde muito jovem, Ramírez é tido como uma grande promessa do futebol colombiano, um jogador de muita habilidade com a bola nos pés, driblador e com passagens pelas seleções de base do seu país. O gol marcado contra o Flamengo, antes da confusão, é um exemplo desse talento.

Revelado pelo Leones, ele chegou cedo ao Atlético Nacional, fazendo parte, inclusive, do time campeão da Libertadores em 2016. Com o passar do tempo, passou a ser visto como “um jogador capaz de levar o Nacional de volta a glória continental”. Essas são as palavras da jornalista esportiva Susana Panesso.

Só que “Índio” Ramírez nunca se consolidou. Com atuações irregulares, ele foi caindo em desgraça com os torcedores do Nacional e ficou irritado por ser chamado de “peito frio” (expressão muito usada em espanhol que significa algo como "sem raça"). É o que conta Panesso:

- O apresentaram [no Atlético Nacional] como uma estrela, um 10, um meio-campista. Um jogador capaz de levar o Nacional de volta a glória continental. Foi um fracasso, os torcedores o chamavam de peito frio. Ele ficou muito chateado.

O jornalista independente Juan Molina lembrou de um jogo em que ele caiu em prantos ao ser substituído da partida pelo então treinador Paulo Autuori. Panesso também cita o episódio:

- Ele saiu chorando de uma partida, não me recordo quando foi. Mas creio que os torcedores não gostam muito dele. É uma promessa que não se cumpriu - conta a jornalista.

Sem espaço no elenco em 2020, fora dos planos do treinador, ele foi emprestado ao Atlético Bucaramanga, onde só conseguiu fazer um jogo. Com a chegada da pandemia, rescindiu o contrato e só voltou a jogar novamente em dezembro, naquela derrota do Bahia para o Defensa y Justicia.

Ramírez fez quatro jogos pelo Bahia. Destacou-se também na derrota sofrida para o Palmeiras. Foi o suficiente para Mano Menezes afirmar que finalmente havia encontrado o meia que estava procurando, um jogador para dar profundidade ao time. O treinador, no entanto, deixou o clube no último domingo. Em seu lugar, assume Dado Cavalcanti, ex-treinador do Time de Transição.

Agora, resta acompanhar o desenrolar do caso e a conclusão da apuração que está sendo feita pelo Bahia. Nesta terça-feira, a denúncia ganhou novos contornos, e Ramírez segue no centro da polêmica. O Flamengo recebeu um laudo de leitura labial que atesta que o jogador tricolor teria ofendido também o atacante Bruno Henrique. O clube baiano segue apurando o caso e deve emitir posicionamento oficial sobre o episódio nos próximos dias.

Fonte: Globoesporte.com