Professor suspeito de assédio em escola de Cosmópolis nega acusações à polícia e representa contra pai de aluna que o agrediu

Professor suspeito de assédio em escola de Cosmópolis nega acusações à polícia e representa contra pai de aluna que o agrediu
Pai de aluna agrediu professor que teria assediado filha em Cosmópolis — Foto: Reprodução/EPTV

O professor agredido pelo pai de uma estudante de 14 anos que relatou ter sido assediada sexualmente pelo educador, em uma escola de Cosmópolis (SP), prestou depoimento à Polícia Civil, nesta quarta-feira (8). As agressões foram filmadas por alunos.

Conforme a apuração da EPTV, afiliada da TV Globo, no depoimento o professor negou as acusações e afirmou que foi alvo delas porque alguns alunos não gostam dele, por lecionar matemática, que em sua avaliação é uma disciplina que parte dos estudantes não gostam. Ele não quis falar sobre o caso com a reportagem.

O educador também foi ao Instituto Médico Legal (IML) de Americana (SP) no início da tarde desta quarta para fazer exame de corpo delito e já representou contra o pai da estudante por ter sido agredido.

Segundo a Polícia Civil, a diretora da escola será intimada, também nesta quarta-feira, para prestar esclarecimentos na delegacia. A direção da unidade disse à reportagem que espera uma posição da Diretoria de Ensino para se pronunciar.

Entenda o caso

As imagens feitas pelos estudantes mostram as agressões do pai da aluna contra o professor, dentro da sala de aula da Escola Estadual Professora Lídia Onélia Kalil Aun Crepaldi. Um outro professor tenta interferir para separar a briga e acaba sendo agredido também, caindo no chão. O pai da aluna continua as agressões, com socos no docente acusado de assédio.

Vizinhos chamaram a Guarda Municipal quando souberam que o pai entrou na escola para agredir o professor. "O que eu vi foi uma cena bem difícil de você imaginar, agressão, ferimentos graves, e a gente vê que é uma situação de pânico total. Que se a pessoa tivesse entrado armada, com toda certeza teria acontecido uma tragédia", contou o motorista Valdir Chiosini.

Os dois professores foram socorridos por médicos do Resgate, ainda na escola, e depois atendidos em um hospital da cidade.

O pai da aluna diz que o motivo da agressão é que o professor, de 45 anos, assediou a filha, que tem 14 anos, na escola. Por telefone, a adolescente relatou à EPTV, afiliada TV Globo, o assédio.

"Hoje, na nossa sala, a gente estava conversando, entre eu e as meninas e tinha um amigo meu no meio, e aí ele [professor] acabou falando assim, que se não tivesse casado, ele transaria comigo. E aí eu fingi que não tinha ouvido, ele falou de novo. Aí eu fiquei parada, assim, porque eu fiquei em choque, né?"

Segundo ela, não foi a primeira vez que o assédio ocorreu e ela não é a única vítima do professor. "Não é a primeira vez que acontece isso, nem só comigo, mas também com outras meninas, não só da minha sala também. Não de, de ele falar isso, mas de passar a mão em cabelo, ficar apertando na nossa perna, e relar na nossa cintura... tendo uma intimidade que não existe entre ele e as alunas."

A menina disse que contou o ocorrido para a diretora e para a coordenadora, que teriam conversado com o docente.

"Eu não tava conseguindo ficar na sala, aí eu fui pro banheiro, liguei pra minha mãe chorando, tava desesperada, e ela me ligou, falou com meu pai, meu pai mandou mensagem, eu mandei um áudio pra ele de dentro do banheiro, depois eu fui na sala de novo, pegar minha mochila, e depois fiquei lá no pátio e meu pai chegou", contou a adolescente.

Já o pai da aluna, que também conversou com a reportagem por telefone, diz que a atitude de agredir não foi correta:

"Mesmo eu 'tando' certo, a gente agrediu, perde a razão, né? A agressão, ela se torna um erro. Mas... Como pai... Não sei se você é pai, talvez se você for pai, talvez sua atitude seria a mesma, né? E que a justiça seja feita", disse o pai.

Polícia apura outros supostos casos

A Polícia Civil informou que vai investigar se o professor cometeu abuso sexual contra mais de uma estudante.

Ao relatar o caso à polícia, a jovem de 14 anos informou que outras colegas também foram assediadas pelo educador.

"Até o momento, a menina relatou que o professor tratava as meninas de uma certa forma, tinha olhares maliciosos, pegava no cabelo, passava a mão nas pernas, tratava com muita intimidade, uma intimidade que elas nunca forneceram [...] Disse que, inclusive em outra escola, uma vez ele deu um tapa nas nádegas de outra aluna", informou o delegado titular de Cosmópolis, Fernando Fincatti Periolo.

Segundo ele, foram solicitadas informações destas supostas vítimas e ainda não se sabe quantas seriam. "Tão logo sejam identificadas, nós vamos apurar se são verdade esses fatos ou não", acrescentou.

Caso sejam localizadas outras possíveis vítimas, será aberto um inquérito policial para cada caso e todas as jovens serão chamadas para depor, detalhou Periolo.

O delegado também solicitou laudo pericial sobre as lesões sofridas pelo professor quando foi agredido pelo pai da aluna.

Atualmente, um boletim de ocorrência apura a lesão corporal praticada pelo pai contra o professor e existe um outro boletim de ocorrência em que o educador é investigado pelo assédio sexual contra a jovem de 14 anos. A polícia vai avaliar se foi configurado assédio sexual ou crime de importunação sexual, que é considerado mais grave.

Secretaria rescindiu contrato com educador

A Secretaria de Estado da Educação (Seduc-SP) informou que rescindiu o contrato com o professor. Em nota, a secretaria informou que "repudia toda e qualquer forma de assédio e agressão dentro ou fora do ambiente escolar" e que a Diretoria de Ensino (DE) de Limeira junto à escola está apurando os fatos com as partes envolvidas.

"A pasta esclarece que o professor envolvido apresenta docência temporária e já foi notificado sobre a rescisão do contrato. No momento, ele está afastado por licença médica", acrescentou o governo estadual.

A equipe do Conviva, programa de convivência e segurança da Seduc-SP, foi acionada para dar suporte à comunidade escolar e o caso foi registrado no Placon, sistema do programa que tem como principal objetivo monitorar a rotina das escolas da rede estadual.

A pasta informou, ainda, que a unidade escolar colocará à disposição da aluna a assistência do Programa Psicólogos na Educação, se for autorizado por seus responsáveis. "A escola e a DE estão à disposição para prestar esclarecimentos à comunidade escolar e autoridades", finalizou.

Fonte:  G1 Piracicaba e EPTV