Pastor faz ataques racistas e homofóbicos, no Rio: Igreja não levanta placa para negro e veado

Pastor faz ataques racistas e homofóbicos, no Rio: Igreja não levanta placa para negro e veado
Pastor Tupirani da Hora Lores Foto: Marcos de Paula / Agência O Globo

RIO — O pastor Tupirani da Hora Lores fez ataques racistas, machistas e homofóbicos durante um culto na Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo, no bairro do Santo Cristo, na zona portuária do Rio. O líder da congregação religiosa afirmou durante pregação, no começo do mês, que a "igreja não levanta placa de filho da puta negro e veado".

O discurso de Lores foi feito em resposta ao pedido de desculpas da pregadora Karla Cordeiro, a Kakau, da Igreja Sara Nossa Terra. Ela havia dito para os fiéis pararem de "ficar postando coisa de gente preta, de gay", em 31 de julho. Após a repercussão do vídeo e da abertura de um inquérito policial, Kakau publicou uma nota de retratação, no dia 3 de agosto.

O recuo de Kakau motivou o discurso feito por Lores, em 5 de agosto, no altar da sua igreja. O pastor questionou o fato de ela ter feito discurso e ter voltado atrás depois que "um babaca de um delegado pressiona".

— Sabe o que você é, Karla Cordeiro? Você é uma puta, uma prostituta, seu pastor deve ser um veado e a sua igreja toda é uma igreja de prostitutas. Vocês não são evangélicos. Malditos sejam vocês, que a garganta de vocês apodreça por terem ousado tocar no nome de Jesus, raça de putas e piranhas, é isso que vocês são — disse o pastor.

Lores afirma ainda que a igreja não deve levantar bandeiras sobre questões raciais,  políticas e de gênero.

— A igreja de Jesus Cristo não levanta placa de filho da puta negro nenhum, não levanta placa de filho da puta de político, não levanta placa de filho da puta de veado. A igreja de Jesus Cristo só levanta a sua própria placa, porra — gritou o pastor, no altar.

O líder da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo já foi preso por intolerância religiosa, em 2009. Em março deste ano, ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal. Uma busca e apreensão autorizada pela Justiça buscou encontrar provas que o religioso, em um de seus cultos, pediu por um "massacre" de judeus. Lores desafiou os agentes, no vídeo.

— Manda o delegado vir aqui pedir a minha retratação. Ele não é homem para isso, eu sou vencedor do sistema, ninguém me detém. Eu falo, mando para a puta que pariu e continuo mandando. Manda de novo a (Polícia) Federal dentro da minha casa e vai ver se eu cresço ou diminuo, porra — vociferou o pastor.

Procurado pelo GLOBO, Lores não se manifestou. A pregadora Karla Cordeiro responde a um inquérito na delegacia de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio. O caso é conduzido pelo delegado Henrique Pessoa. O policial não comentou o vídeo publicado pelo pastor. 

Fonte: Alfredo Mergulhão/O Globo.com