Mulher trans não pode ser reconhecida como mãe da filha, diz Supremo francês

Mulher trans não pode ser reconhecida como mãe da filha, diz Supremo francês
Grupo participa da marcha do Orgulho LGBT de 2020 em Paris, capital da França — Foto: Charles Platiau/Reuters

A Suprema Corte da França decidiu, nesta quarta-feira (16), que uma mulher transexual não pode ser oficialmente reconhecida como mãe biológica de uma menina que concebeu com sua esposa, quando ainda era homem.

A decisão foi descrita como escandalosa por sua advogada.

Convocado a se pronunciar sobre o caso dessa mulher transexual de 51 anos, o Tribunal de Cassação francês decidiu que, para se tornar uma das duas mães legais da menina de seis anos, ela teria de adotá-la.

A demandante foi reconhecida como mulher pelas autoridades francesas em 2011. Teve uma filha com sua esposa em 2014, um ato possível porque ela não fez a operação para remover seus órgãos reprodutores masculinos.

Desde então, tem lutado para ser reconhecida como a segunda mãe da criança, e não como o pai.

Em 2018, um tribunal de apelação da cidade de Montpellier atribuiu-lhe o status de "pai biológico", uma nova categoria. Nesta quarta-feira, o Tribunal de Cassação rejeitou a maior parte dessa decisão, devolvendo o caso para um tribunal inferior para uma nova audiência.

A advogada da mulher, Clélia Richard, chamou a decisão de "escandalosa" e disse que foi uma "oportunidade perdida".

Mathieu Stoclet, outro de seus advogados, apontou a "inconsistência" de sua cliente ser reconhecida como mulher e, ao mesmo tempo, como pai da menina pelo sistema jurídico francês.

"A decisão é um retrocesso considerável em direção a um conceito de paternidade que se acreditava estar enterrado por muito tempo", disse Bertrand Perier, da associação APGL de pais gays e lésbicas.

Os advogados da mulher disseram que levarão o assunto ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

Fonte: France Presse