Mulher que chicoteou entregador em São Conrado disse ser prima de Cláudio Castro, mas governo nega parentesco

Mulher que chicoteou entregador em São Conrado disse ser prima de Cláudio Castro, mas governo nega parentesco
O entregador Max Ângelo dos Santos foi agredido com uma coleira por Sandra Mathias Correia de Sá — Foto: Montagem/TV Globo

Sandra Mathias Correia de Sá, a mulher flagrada agredindo entregadores no meio da rua em São Conrado, insinuou que sairia impune por ter parentes poderosos, segundo os trabalhadores que apanharam.

“Ela falava que era irmã de um delegado da Polícia Federal, que era influente e que nada iria acontecer porque era prima do governador Cláudio Castro”, lembrou Max Ângelo dos Santos, que aparece chicoteado por Sandra com a guia do cachorro dela.

O governo do RJ, no entanto, negou ao g1 qualquer parentesco entre Castro e Sandra.

‘Não sou escravo’

Nesta terça (11), Max Angelo ainda tinha marcas da guia nas costas.

“Parecia que ela estava chicoteando um escravo que não fez o serviço direito. Mas eu não sou escravo, entendeu? O tempo da escravidão já acabou", disse.

“Eu falei para eles [polícia] que ela me chamou de preto da favela e de marginal, que eu não podia estar aqui em São Conrado porque ela paga IPTU e ela tem dinheiro”, relatou.

O episódio aconteceu no domingo (9) e, segundo Max, depois disso ele não teve mais condições de trabalhar. "Essa é minha única fonte de renda. Aqui que pago o aluguel, pago a pensão dos meus filhos", disse o rapaz.

“Ainda estou tentando absorver tudo aqui. Teve uma hora que eu desabei e chorei. A minha mulher tentou me acalmar. Se não denunciar, vai continuar acontecendo. Aconteceu com outras pessoas aqui, e eles não levaram à frente. Mas eu vou levar à frente, isso não pode acontecer”, desabafou.

A mulher era esperada para prestar depoimento na 15ª DP (Gávea). Sandra já tem duas passagens na polícia: uma é por furto de energia elétrica na Praia do Leblon, onde ela mantém uma escola de vôlei, e outro por injúria e ameaça.

A escola não funcionou nesta terça.

Relembre o incidente

Todas as agressões ocorreram na Estrada da Gávea, em frente a uma base de uma plataforma de entrega. O prédio de Sandra fica na mesma calçada. Há um posto de gasolina e uma saída do metrô nas proximidades.

Max conta que na terça-feira passada (4) Sandra já tinha xingado os profissionais porque eles estariam trafegando pela calçada.

No domingo, ao passear com um cachorro, Sandra primeiro cospe na direção dos motoboys. Na volta, começa a discutir com a entregadora Viviane Maria de Souza.

Sandra parte para as agressões e morde a perna de Viviane. A entregadora não revida e tenta se desvencilhar de Sandra, agarrando-se a uma grade.

“Ela me xingou de lixo, de favela, de um monte de coisa. Nome feio... E chamando para briga, e eu não queria brigar. Eu falei: ‘Eu não quero brigar, eu vou correr, sim, porque eu não quero brigar’. Porque, se eu fosse a mais, eu ia acabar machucando ela”, narrou a profissional.

Viviane consegue escapar, e Sandra passa a mirar em Max. Ela puxa a camisa dele e acerta um soco na cabeça. Ele momentaneamente se afasta. Sandra solta a guia da coleira do cachorro e avança contra Max, chicoteando-o. Ele se esquiva de um golpe, mas acaba ferido.

Fonte:  Rafael Nascimento, g1 Rio