MP instaura inquérito para apurar eventual venda de carnes e produtos vencidos no Extra do litoral de SP
O Ministério Público (MP) instaurou um inquérito civil, nesta segunda-feira (13), para apurar a eventual exposição à venda de carnes e outros produtos com prazo de validade vencidos no mercado Extra de Mongaguá, no litoral de São Paulo. A medida foi tomada após um ex-funcionário da unidade afirmar ao g1 que o estabelecimento reembala e recoloca à venda, carnes, frios e embutidos com validade vencida.
No inquérito, instaurado pelo promotor de Justiça Rafael de Paula Albino Veiga, foi solicitado, em um prazo de 30 dias, às unidades do Mercado Extra no município que apresentem informações pertinentes, instruídas com documentação comprobatória, sobre a relação de colaboradores de ambas as unidades que prestam ou prestaram serviços no setor de açougue desde março de 2021 e a relação de responsáveis pelo setor desde março de 2021.
O promotor solicita, ainda, que o Procon-SP apresente informações sobre eventuais notícias e/ou reclamações similares envolvendo o estabelecimento no prazo de 30 dias.
No documento, o promotor considerou que as práticas denunciadas pelo ex-funcionário podem causar perigo à saúde de um número indeterminado de consumidores, caracterizando-se, portanto, direitos difusos para fins de defesa judicial ou extrajudicial pelo Ministério Público.
Ao g1, o Extra informou que não foi notificado até o momento, mas tem total interesse na apuração dos fatos e vai colaborar com as autoridades competentes no que for necessário. O Procon não se posicionou até a publicação desta reportagem.
Denúncia
Um ex-funcionário do Mercado Extra em Mongaguá afirmou ao g1 que o estabelecimento reembala e recoloca à venda carnes, frios e embutidos com a validade vencida. Nas imagens, gravadas em 11 de março, o profissional mostra produtos vencidos sendo retirados da embalagem original, colocados em uma nova embalagem e passando pelo processo de vácuo para, em seguida, receber uma nova etiqueta e retornar à venda (veja o vídeo abaixo).
O profissional, que preferiu não ser identificado, disse que trabalhou durante dois anos na unidade e foi demitido em outubro deste ano. "Desde que entrei o procedimento é esse: reembalar produtos vencidos, lavar a carne e linguiça vencida para ser consumido".
Ele disse que as carnes são lavadas até perderem o odor. "Quando a carne vem pronta, principalmente, a vácuo, a partir do momento que você abre a [embalagem] a maturação é muito rápida porque tem produtos dentro dessas embalagens que mantém o alimento sem estragar. Só que quando você corta esse saco, perde o conservante e a carne, linguiça, qualquer produto ao pegar contato com o ar, matura muito rápido. Então, como o Extra precisa vender, se não vende a tempo, eles pegam essa carne que já está vencida e faz a bandeja", explicou.
Na ocasião da denúncia, o Extra afirmou que abriu uma investigação interna e informou que repudia e proíbe qualquer prática que contrarie as normas e procedimentos relativos à qualidade de segurança alimentar.
Um caso similar já havia sido denunciado há alguns dias no supermercado Extra do bairro Cambuci, na Zona Sul da capital paulista, também por meio de um ex-funcionário.
Fonte: G1 Santos