Mãe diz que filha de três anos ficou com sequelas no braço após quebrar a clavícula no parto: faz tudo só com uma mão

Mãe diz que filha de três anos ficou com sequelas no braço após quebrar a clavícula no parto: faz tudo só com uma mão
Mãe diz que braço da filha, de apenas 3 anos, não recuperou os movimentos — Foto: Arquivo pessoal

A mãe de uma menina de três anos alega que a filha teve a clavícula quebrada e sofreu uma paralisia no plexo braquial [grupo de nervos que começa na medula espinhal e desce até o braço] durante o parto por conta do fórceps, um instrumento utilizado para 'puxar' a cabeça do bebê nesse momento. Ao g1, nesta quarta-feira (15), a autônoma Natália Sant Anna de Abreu contou que a criança não tem o movimento total do braço direito mesmo após meses de fisioterapia.

Sophia Manuela Sant Anna da Silva nasceu em junho de 2019, no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, no litoral de São Paulo. Ela mora com a mãe, o pai e mais dois irmãos em Praia Grande, cidade vizinha. Segundo Natália Sant Anna, de 33 anos, o fórceps foi utilizado pela equipe médica no parto, que foi natural, pois a criança estava acima do peso e ela sem a dilatação necessária.

"A Sophia nasceu com um problema respiratório por conta do tempo do parto e foi direto para a UTI. Quando finalmente a peguei para amamentar, percebi que ela chorava muito. Perguntei no hospital e me disseram que era 'normal', mas respondi que não. Quando encostei no bracinho [direito] dela, vi que chorou ainda mais e percebi também que não o movimentava", lembrou.

Ainda de acordo com a mãe da criança, um exame de raio-X foi realizado na sequência, no próprio hospital, e constatou a clavícula quebrada. A equipe médica do local também teria informado à família sobre a paralisia no plexo braquial, e encaminhou a menina para fazer oito meses de fisioterapia.

Natália acrescentou que, após o período indicado de fisioterapia, ela retornou ao hospital. Porém, não foi mais atendida pelo médico ortopedista que acompanhou o caso da criança. "Nunca mais consegui falar com ele. Nunca mais me procuraram para nada". Segundo ela, a família já buscou por outros locais que podem continuar o tratamento de Sophia.

Ao g1, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou, por meio de nota, que lamenta profundamente o ocorrido, se solidariza com a paciente e seus familiares e informou que vai realizar uma apuração rigorosa do atendimento prestado e da conduta dos profissionais no Hospital Guilherme Álvaro.

Movimentos reduzidos e dor no braço

A mãe da menina explicou, ainda, que mesmo após três anos, Sophia vive as consequências do parto. "Atrapalha quando ela corre, pois não tem o equilíbrio do braço. Ela faz tudo só com uma mão". A família acredita que a criança precisa passar por uma cirurgia no membro.

"Ela não levanta o braço [completamente], apenas até a metade, e consegue mexer as mãozinhas. Quando tenta levantar, dá aquele 'gritinho', pois sente dor", conta Natália.

Uso do fórceps

O g1 conversou com o médico obstetra e ginecologista Gilberto Moreira Mello sobre o uso do fórceps. Segundo o profissional, nos partos considerados difíceis, é possível utilizar tanto o equipamento quanto outra ferramenta de auxílio, chamada 'vácuo extrator'. "São duas medidas que, feitas com cuidado, não devem gerar prejuízos para o bebê ou para a mãe", disse ele.

Ele pontuou, porém, que não se deve mais fazer 'manobras' na barriga da grávida, como que 'induzindo ao parto'. "O indicado [é fazer] esses dois procedimentos quando o bebê não consegue nascer".

Por fim, Mello afirmou que não há relação do uso de fórceps com a fratura de clavícula. De acordo com o profissional, a lesão ocorre, muitas vezes, pela dificuldade da saída do ombro da criança. "São intercorrências que podem acontecer no nascimento e, então, existe uma conduta do pediatra e ortopedista para que [o osso] se solidifique".

Fonte: G1 Santos