Mãe de meninos que pularam de apartamento em Ribeirão Preto, SP, diz que está abalada com caso: Não quero perdê-los
Abalada com a situação que está envolvida com os filhos de 9 e 6 anos, a cabeleireira Geslaine Thomaz Castilho teme perder a guarda das crianças.
Na quinta-feira (20), os meninos pularam da janela do segundo andar do prédio onde moram, na zona Sul de Ribeirão Preto (SP), após o Conselho Tutelar chegar ao local por conta de uma denúncia anônima de maus-tratos, violência doméstica e cárcere privado. A mulher nega as acusações.
"Eu quero ver os meus filhos, eu quero estar com eles. Não quero perder eles pra nada. Eu perco o sentido da vida, porque eu corro atrás por eles".
No depoimento dela à polícia, ela disse que precisava deixar as crianças em casa para trabalhar. Os meninos estão matriculados regularmente em uma escola em Ribeirão Preto, mas, por conta das férias escolares, têm ficado em casa.
Ela afirma que chegou a pedir ajuda para o Conselho Tutelar para matricular os filhos em uma escola de período integral, mas não foi atendida.
Geslaine se mudou com os filhos para o condomínio, no bairro Recreio das Acácias, recentemente.
"Esse foi o propósito de morar em um condomínio, para ter mais segurança, para ter uma área de lazer. Eu pago muito caro ali", diz a mulher.
Segundo o advogado dela, Vanderley Caixe Filho, a cabeleireira é a única responsável pelas crianças. O pai se mudou para Santa Catarina após o divórcio e não tem contato com os filhos ou paga pensão.
"Ela está criando os filhos sozinha, sem apoio do estado, sem apoio do município, que não têm uma creche pra oferecer, não têm uma escola em tempo integral. O que uma mãe dessa faz? Deixa os meninos morrerem de fome? Deixa os meninos ao relento? Não, ela optou por trabalhar e proteger os meninos".
As crianças ficarão, provisoriamente, com uma tia. Uma vizinha de Geslaine, que prefere não ser identificada, conta que nunca presenciou uma situação de maus-tratos e que, nos momentos de lazer, a cabeleireira fazia de tudo para agradar os filhos.
"Ela sempre tentou dar o que eles pediam ali na hora. Na nossa frente, o que eu posso dizer é que eu nunca vi sinal de maus-tratos e no fim de semana, ela estava sempre tentando um momento de lazer com eles quando ela podia".
À EPTV, afiliada da TV Globo, a Secretaria Municipal da Educação informou que oferece vagas em período integral somente para a educação infantil (de 0 a 3 anos). Quando é necessário atendimento no contraturno escolar, crianças a partir dos 6 anos devem ser matriculadas nos núcleos da criança e do adolescente, entidades administradas pela Secretaria Municipal da Assistência Social (SEMAS).
Segundo a prefeitura, além dos núcleos, a SEMAS mantém parcerias com ONGs para atender a demanda do município, porém a inserção se dá mediante procura espontânea da família.
Crianças pularam de uma altura de 3 metros
Os irmãos pularam da janela do apartamento da família na manhã de quinta-feira. Segundo informações apuradas pela EPTV, afiliada da TV Globo, eles estavam sozinhos no imóvel.
O Conselho Tutelar foi acionado por vizinhos, que denunciaram que a mãe havia saído para trabalhar e deixado os dois filhos em casa.
Quando a equipe do Conselho Tutelar chegou ao imóvel, as crianças pularam do primeiro andar e sofreram uma queda de cerca de três metros.
O Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionados e socorreram as vítimas, que tiveram ferimentos leves. Elas foram levadas à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Leste.
Investigação
De acordo com a delegada Patrícia de Mariane Buldo, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), as crianças serão submetidas a exame de corpo de delito. A conselheira tutelar responsável pela visita ao apartamento afirma que elas têm marcas de violência pelo corpo.
“Segundo a conselheira tutelar, as crianças tinham algumas marcas que talvez confirmem a denúncia de maus-tratos. A conselheira observou que a casa tinha higiene precária e que havia pouca alimentação. Vai ser alvo de investigação para confirmar a denúncia de maus-tratos e eventual lesão corporal”, diz a delegada.
À polícia, a mãe disse que deixou as crianças com café da manhã preparado e que voltaria por volta das 11h para servir o almoço.
Ainda durante o depoimento, Geslaine afirmou que conta com a ajuda de uma vizinha para encaminhar os meninos à escola e recebê-los de volta na ausência dela.
Geslaine é divorciada do marido, que mora em Santa Catarina. Ele foi acionado pelo Conselho Tutelar para acolher as crianças.
Após prestar esclarecimentos à Polícia Civil, a mãe foi liberada e deve ser investigada pelas suspeitas de maus-tratos e abandono de incapaz.
Fonte: EPTV