Governo de SP prevê receber insumo para 5,5 milhões de doses da CoronaVac na semana que vem

Governo de SP prevê receber insumo para 5,5 milhões de doses da CoronaVac na semana que vem
Imagem Ilustrativa

O governo de São Paulo espera receber da China 5,4 mil litros de insumo para CoronaVac na semana que vem, o que deve permitir a produção de mais 5,5 milhões de doses pelo Instituto Butantan.

De acordo com fontes ouvidas pelo blog, as negociações com a China avançaram para liberar parte dos 11 mil litros do princípio ativo da vacina que vem para o Brasil. As conversas com os chineses andaram nas últimas horas, daí o otimismo de integrantes do governo paulista.

Por meio do IFA, sigla para "ingrediente farmacêutico ativo", é possível produzir mais 5,5 milhões de doses da CoronaVac, que se juntariam às 6 milhões que começaram a ser distribuídas nesta segunda-feira (19). Há ainda outras 4,8 milhões de doses prontos no Butantan, que dependem de nova autorização emergencial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para serem aplicadas - o pedido foi feito pelo instituto nesta segunda.

O IFA precisa ser importado da China para se confeccionar o imunizante. O Brasil depende da transferência de tecnologia, prevista em contrato, para conseguir produzir esse princípio ativo aqui. Algo que demanda tempo e infraestrutura, como laboratórios com alto padrão de segurança.

Por exemplo, o IFA contém material biológico que, no caso da CoronaVac, é alcançado depois de se cultivar o Sars-Cov-2 e inativá-lo (diferentemente de vacinas que usam uma tecnologia mais avançada, como as de RNA mensageiro, a CoronaVac é produzida a partir do vírus inativado).

A Fiocruz, que vai receber as vacinas da AstraZeneca e produzir no futuro parte das doses aqui, também depende do IFA que vem da China. Os chineses e os indianos são os maiores produtores do mundo de insumos para a indústria farmacêutica.

Ainda que o método do vírus inativado (CoronaVac) seja uma tecnologia menos avançada (a AstraZeneca usa o vetor viral, o adenovírus, no caso), o Brasil não a detém, por isso depende da importação do IFA. Essa é uma das discussões que os especialistas têm feito sobre a produção de vacina: o Brasil ainda depende do princípio ativo de fora. Outros países em desenvolvimento, como Rússia e Índia, chegaram à produção da sua própria vacina dominando justamente a produção do IFA.

"O passo almejado é produzir a vacina localmente, fazer o IFA aqui", declarou o infectologista Marco Aurélio Safadi.

Safadi destaca que o país, por exemplo, demorou algum tempo para possuir a tecnologia para fazer a vacina da gripe, cuja produção é concentrada no Butantan. E que ainda depende de etapas externas para outras vacinas, como a do rotavírus.

Pedido de agilidade

Nesta segunda-feira (18), o Instituto Butantan pediu ao governo chinês agilidade na liberação de insumos para a produção de mais doses da CoronaVac, que é feita em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Até o momento, o país tem seis milhões de doses prontas da vacina.

De acordo com o diretor do instituto, Dimas Covas, um carregamento de matéria-prima estava pronto para ser despachado, mas ainda dependia de autorização do governo chinês para ser enviado ao Brasil. O Butantan já concluiu o envase de toda a matéria-prima recebida da China e aguarda essa nova remessa para dar início à segunda etapa de produção.

Na manhã desta terça (19), Dimas Covas pediu que o presidente Jair Bolsonaro tenha "dignidade" para defender a vacina e interceder na liberação do insumo da China.

"Se a vacina agora é do Brasil, o nosso presidente tenha a dignidade de defendê-la e de solicitar, inclusive, apoio, pro seu Ministério de Relações Exteriores na conversa com o governo da China. É o que nós esperamos”, disse.

Fonte:  Julia Duailibi/G1