Governo de SP admite pela 1ª vez aumento de internações em novembro por Covid-19 e adia reclassificação da quarentena

Governo de SP admite pela 1ª vez aumento de internações em novembro por Covid-19 e adia reclassificação da quarentena
Homem internado em hospital de São Paulo em meio à pandemia do coronavírus — Foto: Reuters/Amanda Perobelli

O governo de São Paulo admitiu nesta segunda-feira (16) que ocorre um aumento nas internações por Covid-19 no estado. Na última semana epidemiológica, que vai do dia 8 ao dia 14 de novembro, as internações de casos suspeitos e confirmados da doença cresceram 18% em relação à semana anterior: a média diária das novas internações subiu de 859 para 1.009.

O Plano São Paulo, que regulamenta os estágios da quarentena nas diversas regiões do estado, estabelecendo medidas mais duras ou leves de acordo com os indicadores de saúde de cada local, não será atualizado nesta semana. Segundo o governo, a mudança não será feita por conta da falha nos dados do Ministério da Saúde que impactou os dados de mortes por Covid-19 em SP na última semana. São esses indicadores que determinam as fases da quarentena em cada região.

Nesta segunda-feira, o estado chegou a 40.576 mortes por coronavírus no total e 1.169.377 casos confirmados da doença desde o início da pandemia. O total de casos novos por semana, que estava em queda, ficou estável no estado de SP em relação à semana anterior.

Segundo o secretário de saúde estadual, Jean Gorinchteyn, se os indicadores de saúde continuarem a crescer, medidas mais restritivas na quarentena poderão ser adotadas.

“Se nós tivermos índices aumentados, seguramente, medidas muito mais austeras e restritivas serão realizadas no sentido de continuarmos a garantir vidas. É assim que o faremos”, afirma Jean.

Já o governador João Doria (PSDB), afirma que a reclassificação da quarentena foi adiada por "cautela".

"A falta de informações sobre casos e óbitos durante 6 dias da semana passada, causada por uma pane no sistema do ministério da saúde [...] afetou a normalização dos dados em todo o Brasil, e aqui em São Paulo em especial. Por esta razão estamos adiando a atualização do Plano São Paulo para o dia 30 de novembro. É uma medida de cautela e que demonstra a nossa responsabilidade em não alterar a qualificação dos estados sem ter todos os indicadores disponíveis", diz Doria.

Governo negava aumento

Na semana passada, médicos de 15 hospitais já haviam alertado para o aumento de internações por Covid-19 na rede privada da cidade de São Paulo. No entanto, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, negou na quinta-feira (12) que os números estivessem subindo.

"Todas as internações que acontecem no estado de São Paulo, seja no ambiente público, seja no ambiente privado, são notificadas para os nossos órgãos reguladores dentro da secretaria de estado da Saúde. Então nós trabalhamos com números oficiais. Estes números oficiais não revelam o que foi exposto pela mídia", disse na ocasião.

O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), também negou que as internações estivessem subindo.

"O que nós temos são alguns dados específicos de alguns hospitais privados, que recebem inclusive muita gente de fora de São Paulo, então portanto isso não reflete a evolução da pandemia na cidade. Os números agregados da cidade de São Paulo mostram que não há nenhum recrudescimento da doença. A gente continua a abaixar os índices aqui”, afirmou na sexta-feira (13).

Plano SP

A reclassificação das regiões do estado de São Paulo no plano de reabertura da economia durante a pandemia do coronavírus estava prevista para acontecer nesta segunda-feira (16), mas foi adiada para o dia 30 de novembro.

Segundo a gestão estadual, o motivo é o apagão de dados que gerou instabilidade do sistema Sivep-Gripe do Ministério da Saúde no dia 5 de novembro. Na ocasião, o Governo do estado de São Paulo chegou a ficar cinco dias sem atualizar os dados da Covid-19.

“A falta de informações sobre casos e óbitos durante 6 dias da semana passada, causada por uma pane no sistema do ministério da saúde e que agora, a partir dessa semana aparentemente estará já solucionado, mas a pane afetou a normalização dos dados em todo o Brasil e aqui em São Paulo em especial. Por esta razão estamos adiando a atualização do plano São Paulo para o dia 30 de novembro”, disse o governador João Doria (PSDB).

O Plano São Paulo regulamenta a quarentena em todo o estado, classifica as regiões do estado em cores, determinando quais locais podem avançar nas medidas de reabertura da economia. Os critérios que baseiam a classificação das regiões, são:

  • Ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs);
  • Total de leitos por 100 mil habitantes;
  • Variação de novas internações, em comparação com a semana anterior;
  • Variação de novos casos confirmados, em comparação com a semana anterior;
  • Variação de novos óbitos confirmados, em comparação com a semana anterior.
  • Na fase verde também é considerado óbitos e casos para cada 100 mil habitantes.
  • Regiões que atingirem as fases 3 (Amarela) ou 4 (Verde) permanecerão nessas fases desde que tenham indicadores semanais inferiores a 40 internações por Covid-19 a cada 100 mil habitantes e 5 mortes a cada 100 mil habitantes.

Atualmente, o estado possui onze regiões estão na fase amarela e seis na verde.

Fase amarela:

Araraquara
Araçatuba
Bauru
Franca
Marília
São João da Boa Vista
São José do Rio Preto
Presidente Prudente
Ribeirão Preto
Registro
Barretos
Fase verde:

Grande SP inteira, incluindo capital

Taubaté
Campinas
Piracicaba
Sorocaba
Baixada Santista

Fonte: Beatriz Borges, Patrícia Figueiredo e Marina Pinhoni, G1 SP — São Paulo