Flagrado com dinheiro na cueca, senador Chico Rodrigues pede afastamento por 90 dias

Flagrado com dinheiro na cueca, senador Chico Rodrigues pede afastamento por 90 dias
O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), vice-líder do governo, durante reunião de comissão no dia 21 de setembro de 2020 — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Flagrado pela Polícia Federal com R$ 33 mil na cueca, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) pediu nesta terça-feira (20) afastamento do mandato por 90 dias.

Como a afastamento é inferior a 120 dias, o suplente do senador, que é filho dele, não assumirá o mandato.

Chico Rodrigues foi flagrado com R$ 33 mil na cueca na semana passada. O dinheiro foi encontrado durante uma operação que cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do parlamentar.

A operação apura suposto esquema de desvio de recursos públicos em Roraima. Rodrigues nega as acusações e afirma ainda que o dinheiro serviria para pagar funcionários.

Após a operação da semana passada, partidos políticos protocolaram uma representação no Conselho de Ética no Senado com o objetivo de cassar o mandato de Chico Rodrigues.

Aliados do senador, contudo, passaram esta segunda-feira (19) costurando um acordo para que Chico Rodrigues se licenciasse. O próprio presidente do Conselho de Ética, Jayme Campos (DEM-MT), sugeriu que o senador se licenciasse por 121 dias.

Nas conversas reservadas, segundo o blog apurou, Chico Rodrigues ouviu de políticos aliados que o Supremo Tribunal Federal (STF) deve ratificar a decisão do ministro Barroso que o afastou do mandato. E, após essa decisão, “ficará difícil" para o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), comprar a briga com o STF e colocar em votação a análise da decisão de toda a corte.

Motivo: enquanto a decisão é monocrática, ou seja, do ministro Barroso, senadores avaliam que a decisão — se submetida ao plenário do Senado — pode ser derrubada. Mas não quando a decisão for ratificada pela maioria do STF.

Aliados dele, ouvidos pelo blog e que participaram das conversas, afirmam que ele “está consciente” de que precisa se afastar. Com isso, garante também que será poupado — por ora — no Conselho de Ética, já que existem outros processos na fila para serem analisados e os senadores não querem mexer com os casos, para evitar desgastes para os alvos e para a imagem do Senado.

Para se licenciar, Rodrigues tenta desde ontem costurar a garantia de que, se ele sair, o Senado não submeterá ao plenário o seu afastamento após a decisão do STF. Entre seus argumentos, alega “perda de objeto”.

Outra discussão que estava em aberto ontem é o tempo do afastamento. Isso porque, dependendo do tempo, quem assume é o seu suplente, que vem a ser o próprio filho — o que gera mais um desgaste para a imagem pública do senador.

Fonte: Andréia Sadi/G1