Feriados 'não são para passear', diz secretário em SP

Feriados 'não são para passear', diz secretário em SP
Imagem Ilustrativa

O secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, disse nesta sexta-feira que a decisão de antecipar os cinco feriados municipais foi tomada para tentar forçar as pessoas a ficarem em casa e frear o avanço da doença, após explosão de casos, mortes e colapso no sistema de saúde.

"Essas restrições, os feriados, não é para ir para a praia. É para ficar em casa, porque nós não temos mais leitos para tratar as pessoas. (...) Os grandes hospitais privados aqui estão com mais de 100% de ocupação. Tem que colocar na cabeça: se pegar a doença, não vai ter leito para ser tratado", afirmou o secretário em entrevista ao Bom Dia São Paulo.

Ele ainda afirmou que a medida foi tomada para evitar tentar evitar outras mais rígidas de isolamento social.

"Nós acreditamos que com os feriados a gente possa a reduzir muito a circulação de pessoas aqui na cidade, e essa como uma última medida, derradeira, antes de tomarmos uma medida mais drástica, que evidentemente precisa ser articulada com os municípios da região metropolitana e com o governo do estado".

Aparecido defendeu que um lockdown precisaria organizado pelo governo do estado para que seja possível paralisar o transporte, mas garantir o deslocamento de profissionais de áreas essenciais, além da segurança e fiscalização.

"Se a gente for suspender o transporte, que é a medida mais eficaz para fazer talvez um lockdown, como é que a gente transporta os profissionais de saúde? Isso precisa ser pensando, articulado, ser feito em conjunto com os municípios para que tenha efetividade".

Segundo o secretário, a cidade tem atualmente 88% dos leitos de UTI e 80% de enfermaria ocupados. Nesta quinta, a gestão municipal começou a abrir novos leitos em "hospitais de catástrofe", exclusivamente para pacientes de Covid-19.

A operação foi iniciada no Hospital de Itaquera, na Zona Leste, e será feita também no Hospital do Jabaquara, na Zona Sul.

Aparecido disse que o município trabalha em "uma verdadeira operação de guerra", com a abertura de leitos, mas admite que a demanda já é muito maior do que o sistema tanto público quanto privado da cidade é capaz de suportar.

"Todo esse esforço, ele seguramente não vai ser suficiente nos próximos dias para suportar a enorme pressão que estamos tendo no sistema de saúde da cidade, tanto privado quanto público".

Feriados

A Prefeitura de São Paulo anunciou nesta quinta (18) a antecipação de cinco feriados municipais e uma mudança no horário do rodízio. A nova regra do rodízio, que passará a valer das 20h às 5h, entra em vigor na segunda-feira (22).

Foram antecipados dois feriados de 2021 (Corpus Christi; de junho; e Dia da Consciência Negra, de novembro) e três feriados de 2022 (aniversário de São Paulo, de janeiro; Corpus Christi, de junho; e Dia da Consciência Negra, de novembro).

Como fica o calendário

Veja, abaixo, as datas:

  • 26 de março – sexta-feira (feriado municipal)
  • 27 de março – sábado
  • 28 de março – domingo
  • 29 de março – segunda-feira (feriado municipal)
  • 30 de março – terça-feira (feriado municipal)
  • 31 de março – quarta-feira (feriado municipal)
  • 1° de abril – quinta-feira (feriado municipal)
  • 2 de abril – sexta-feira (feriado nacional; Paixão de Cristo)
  • 3 de abril – sábado
  • 4 de abril – domingo


A medida visa reduzir a circulação de pessoas nas ruas e mira setores da indústria e empresas que ainda seguem funcionando durante a fase emergencial, em vigor em todo o estado desde a última segunda-feira (15).



 

Isolamento social

Não é a primeira vez que a gestão de Covas decide antecipar feriados como estratégia para frear a contaminação pelo coronavírus. Em maio de 2020, a prefeitura antecipou os feriados de Corpus Christi e o da Consciência Negra.

Nesta quinta (18), Covas defendeu que a antecipação no ano passado trouxe uma "uma melhora nos índices de circulação" e citou "bons índices de 60% [de isolamento social]".

Entretanto, a taxa não chegou a 60% em nenhum dos dias de feriado antecipado em 2020. Na época, os índices ficaram entre 49% e 52% nos dias de semana e chegou à máxima de 57% apenas em um domingo, número 1 ponto percentual acima do valor identificado no domingo em que não houve feriado prolongado.

Fonte: G1 SP — São Paulo