Esposa e amigos de Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle, são soltos dias após condenação por destruição de provas

Esposa e amigos de Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle, são soltos dias após condenação por destruição de provas
Ronnie Lessa — Foto: Reprodução/JN

A esposa de Ronnie Lessa, preso acusado de matar a vereadora Marielle Franco, foi solta pela Justiça do Rio depois de ter sido condenada por destruição de provas. Um cunhado e dois amigos de Ronnie, que também estavam detidos, também deixaram a cadeia. Eles vão responder em liberdade.

Segundo o Ministério Público, Elaine Lessa, Márcio Montavano, Bruno Figueiredo e Josinaldo Freitas elaboraram e executaram o plano para se livrar do arsenal que Ronnie Lessa tinha em casa. Isso ocorreu quase um ano depois da morte da vereadora.

Ronnie, que está preso desde março de 2019, ainda não havia sido encontrado e também participou da ação.

Na última segunda-feira, o Tribunal de Justiça do Rio informou que os alvarás de soltura dos parentes de Lessa já tinham sido expedidos. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) confirmou ao G1 que todos já estão em liberdade — exceto Ronnie.

Quem são os envolvidos:

  • Elaine Lessa, mulher de Ronnie, que também é dona do apartamento onde as armas estavam;
  • Márcio Montavano, o Márcio Gordo, teria tirado as caxias de armas de dentro do apartamento de Ronnie e Elaine Lessa;
  • Bruno Figueiredo, irmão de Elaine, suspeito de ajudar Márcio na execução do plano;
  • Josinaldo Freitas, o Djaca, teria jogado as armas no mar.

A Justiça afirma que é possível que entre as armas despejadas esteja a submetralhadora utilizada para matar Marielle.

Segundo a investigação, as armas foram retiradas de um apartamento de Ronnie Lessa na Taquara dias antes da sua prisão, em 2019. As armas nunca foram encontradas.

Ronnie e os outros envolvidos foram condenados a quatro anos de prisão em regime aberto. Como o ex-PM continua respondendo pelo assassinato, ele segue preso na cadeia de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Elcio Vieira de Queiroz, o motorista que participou do assassinato, também segue preso.

O descarte das armas

A polícia afirma que o descarte do armamento aconteceu dias depois da prisão de Ronnie, em 12 de março, e teria contado com a participação de quatro pessoas, entre elas a mulher e o cunhado do PM reformado.

Em depoimento à Delegacia de Homicídios (DH) da Capital, um pescador contou que um comparsa de Ronnie Lessa contratou seu barco e jogou seis armas no mar perto das Ilhas Tijucas.

Para a polícia, o contratante do barco é Márcio Gordo, e entre as armas estava a submetralhadora HK MP5 usada para matar Marielle e Anderson.

Segundo as investigações, Márcio Gordo teria retirado as armas de dois endereços ligados ao acusado de matar Marielle, alugado o barco e o serviço do dono, o pescador, e jogado tudo no mar.

Buscas em alto mar

No fim de março de 2019, pescadores da Zona Oeste confirmaram ao G1 que a Polícia Civil foi até o local de onde, segundo a denúncia, um barco saiu para fazer o descarte das armas no dia 14 de março, exatamente um ano após a morte da vereadora e seu motorista.

Testemunhas também presenciaram o embarque de caixas de papelão, bolsas e malas no dia do descarte descrito pela denúncia.

De acordo com uma informação que havia sido repassada à polícia, as armas teriam sido tiradas da casa onde Lessa montava os fuzis, no Pechincha, também na Zona Oeste do Rio, dois dias depois da Operação Lume - na qual Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Queiroz foram presos.

Também em março, a Marinha fez buscas na região onde a arma teria sido descartada.

Fonte: Gabriel Barreira, G1 Rio