Espero que a justiça seja feita. É muita maldade, ganância, diz pai de pastor Anderson em dia de julgamento do caso Flordelis

Espero que a justiça seja feita. É muita maldade, ganância, diz pai de pastor Anderson em dia de julgamento do caso Flordelis
Pai do pastor Anderson do Carmo ao lado do advogado Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo

RIO — O pai do pastor Anderson do Carmo chegou por volta das 12h40 no Tribunal do Júri em Niterói, Região Metropolitana do Rio, onde acontece, nesta terça-feira, o julgamento de dois filhos da ex-deputada federal Flordelis dos Santos de Souza. Bastante abalado, Jorge de Souza pediu por justiça e citou "maldade" e ganância" como motivações para o crime. Ele chegou acompanhado do advogado Angelo Máximo, que atua como assistente de acusação. O júri está previsto para as 13h. A previsão é de que prestem depoimento 17 testemunhas, a maioria de acusação.

— Quero que se faça justiça. Meu filho foi morto, e atrás dele foram a mãe e a irmã. Me sinto arrasado, a familia toda está arrasada. Perdi toda minha família. É muita maldade, ganância. Ela podia ter se separado dele. Ela (Flordelis) estaria solta, e ele, vivo. Por causa de dinheiro aconteceu isso. Espero que a justiça seja feita — disse ele, emocionado.

Flávio dos Santos Rodrigues e Lucas Cezar dos Santos são acusados de envolvimento no assassinato do pastor Anderson, em junho de 2019. Os dois chegaram ao tribunal por volta das 12h. Quatro filhos da pastora que quebraram a "lei do silêncio" que havia na casa da família estão entre os depoentes: Daniel dos Santos de Souza, Roberta dos Santos, Wagner Andrade Pimenta, o Misael, e Alexander Felipe Matos Mendes, o Luan.

Ainda durante as investigações da Polícia Civil, Flávio confessou ter atirado no padrasto, na garagem da casa da família em Pendotiba, Niterói, mas depois voltou atrás e negou envolvimento no crime. Já Lucas admite ter ajudado o irmão na compra da arma, mas já mudou de versão sobre saber ou não que a pistola seria usada no crime.Para o julgamento nesta terça-feira, a juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, responsável pelo processo desde o seu início, solicitou à Diretoria-Geral de Segurança Institucional (DGSEI) do Tribunal de Justiça e ao 12º BPM (Niterói) aumento no número de policiais no 12º andar do fórum, onde fica o plenário do Tribunal do Júri, e na portaria do prédio.

Com o grande número de testemunhas a serem ouvidas, a estimativa é de que o julgamento não termine nesta terça-feira. Com isso, a juíza deve encerrar a sessão e retomá-la no dia seguinte. Os jurados se mantêm incomunicáveis, passando a noite em hotel custeado pela Justiça.

Flordelis não estará presente. Os advogados dela também defendem uma filha (Marzy) e a neta Rayane, acusadas de envolvimento na morte de Anderson. Os seis defensores das rés pediram à juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce para acompanharem o julgamento, mas a magistrada permitiu só um por acusada. Assim, três advogados comparecerão.

— A princípio, o impacto no julgamento da Flordelis é muito pequeno. Sao processos distintos. Aliás, caso a acusação tente produzir provas para o processo da Flordelis, ficará provado a absoluta má-fé e violação de preceitos constitucionais — afirma o advogado Rodrigo Faucz.

Apesar da análise do advogado de que o julgamento dos filhos pouco impactam no de Flordelis, há grande expectativa sobre o depoimento de Flávio no tribunal. Ele voltou atrás em sua confissão, passando a negar o crime, quando assumiu a sua defesa o advogado Anderson Rollemberg, contratado por Flordelis. Desde o mês passado, Rollemberg não atua mais na defesa de Flávio, que passou a ser assistido pela Defensoria Pública. Flordelis é acusada de ser mandante da morte de Anderson, mas o filho nunca vinculou a mãe ou outro irmão, além de Lucas, ao crime.

Após todas as oitivas e depoimentos, os jurados votarão sobre a existência ou não do crime, autoria ou participação dos réus, se devem ser absolvidos, se existem causas de aumento de pena, entre outros. A votação acontece na chamada sala secreta. Após a votação, o juiz elabora a sentença e estipula a pena. Após a votação, o juiz elabora a sentença e estipula a pena, de acordo com os quesitos votados pelos jurados.

Fonte: Carolina Heringer e Diego Amorim/O Globo