Enem x Fuvest x Unicamp: veja quais são as diferenças entre os exames

Enem x Fuvest x Unicamp: veja quais são as diferenças entre os exames
Preparação para o vestibular exige que alunos conheçam as provas e saibam como os conceitos podem cair nos exames. — Foto: Hélvio Romero/Estadão Conteúdo

A preparação para o vestibular exige que alunos conheçam a "personalidade" das provas que vão fazer, para não serem surpreendidos na forma como os conceitos aparecem nos exames.

Enquanto o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é considerado uma prova "interpretativa" e "sem decoreba", a Fuvest, que seleciona alunos para a Universidade de São Paulo (USP), pode ser classificada como "tradicional" e "conteudista", se comparada ao Enem. Já a prova da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) é "interdisciplinar", com um processo seletivo com mais opções voltadas à inclusão de alunos.

Assim, quem sonha em entrar na USP e Unicamp, mas também fará Enem para disputar uma vaga no Sistema de Seleção Unificado (Sisu), precisa ficar atento. Estudar para uma prova não significa estar preparado para todas.

A maratona de vestibulares começa em janeiro. A Unicamp marcou a seleção para 6 e 7 de janeiro; Fuvest, 10 de janeiro; e Enem em 17 e 24 de janeiro, na versão impressa, e 31 e 7 de fevereiro, na versão digital.

Enem

Considerado o maior vestibular do país, porque permite a disputa por vagas em universidades públicas pelo Sisu, o Enem é uma prova abrangente, "sem decoreba", e com questões próximas à realidade do aluno.

"O Enem é um único exame para atender vários processos seletivos. Ele tenta pegar conhecimento do aluno adquirido em toda a sua vida escolar", afirma Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovações Educacionais do SAS Plataforma de Educação. "Quando você faz uma prova global, como é o caso do Enem, aceito em 129 instituições [pelo Sisu], você não tem regionalismo ou questões específicas de um estado", explica.

"O exame é mais interpretativo, analítico, contextualizado. Existe uma preocupação clara em dialogar com a contemporaneidade dos temas, com o cotidiano e com os direitos humanos", avalia Daniel Perry, diretor do Anglo Vestibulares.

Outra diferença é na redação: o Enem pede que o aluno elabore uma "proposta de intervenção" sobre o tema proposto. Os demais vestibulares, não.

A correção do Enem, baseada na Teoria de Resposta ao Item (TRI), é outra característica da prova. "A TRI vai valorizar a coerência pedagógica, o que significa que dois candidatos com o mesmo número de questões podem ter notas diferentes. A maior nota vai ser do candidato que tiver apresentado maior 'coerência'", afirma Perry.

Como exemplo, ele cita duas questões: uma que pode cobrar a multiplicação de 2 x 3, por exemplo, e outra que cobra a área de um triângulo, que é a multiplicação da base pela altura. Se o aluno errar a multiplicação, mas acertar a área, é muito provável que o segundo acerto tenha sido por acaso, porque o candidato não demonstrou conhecimento base para a resolução do segundo problema.

Enquanto Fuvest e Unicamp têm lista de obras literárias, o Enem não exige a leitura de livros específicos. "Mas ele gosta de cobrar Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, escritores modernistas e neomodernistas, porque o texto é mais próximo da realidade do aluno, do que o estilo barroco, por exemplo", diz Celedônio.

Raio-X do Enem: levantamento foi feito pelo SAS com os temas que mais caíram nos últimos anos aponta que:

  • Em Linguagens, leitura e interpretação de texto está presente em 31,5% das questões de português, em 56% das questões de espanhol e em 50% das questões de inglês.
  • Dentro da prova de Ciências Humanas e suas tecnologias, Idade Contemporânea é um tema recorrente nos assuntos ligados à História (19,8%); Geografia Agrária e Meio Ambiente aparecem em 17,6% e 17,1% das questões ligadas à geografia; Ética e Justiça aparecem em 20,1% das questões de filosofia; e Mundo do Trabalho está em 20,7% das perguntas enquadradas em sociologia.
  • Em Ciências da Natureza, o tema mais frequente nas questões ligadas à Física é a Mecânica (31,4%), Físico-Química aparece em 27,3% das questões de Química; Humanidade e Ambiente está presente em 17,3% dos itens de Biologia.
  • Em Matemática, o assunto mais recorrente é geometria (23,5%)


Fuvest

Considerada uma prova "tradicional", a Fuvest traz perguntas mais diretas e cobra conteúdos mais específicos sobre alguns temas, se comparado ao Enem, por exemplo.

"É uma prova mais tradicional, mais conteudista – o que não significa uma prova arcaica, decoreba. É também uma prova sofisticada, analítica, mas é mais exigente quanto à cobrança de determinados conteúdos", explica Perry. "Há questões mais analíticas e contextualizadas e questões mais diretas, com enunciado de uma linha, que o candidato tem que saber a resposta sem apoio do contexto", afirma.

Um mesmo tema pode aparecer no Enem de forma contextualizada e, na Fuvest, de forma mais direta. Em matemática, por exemplo, é cobrado bastante "funções", já no Enem é mais raro aparecer uma questão com esse tema, afirma Perry.

O vestibular tem uma lista de obras literárias que são cobradas e já teve ano em que caíram questões sobre todos os livros sugeridos.

"É uma prova que cobra conteúdos para selecionar alunos no perfil da universidade. Com o corpo de professores que tem, e sendo considerada a melhor da América Latina e uma das 200 melhores do mundo, tem um porquê dela ser assim", avalia Celedônio.

Raio-X da Fuvest: levantamento foi feito pelo SAS com os temas que mais caíram nos últimos anos aponta que:

  • Em Língua Portuguesa, o que mais aparece na Fuvest é a interpretação textual (40,84%), seguida pelos movimentos literários (28,96%).
  • Em Inglês, é a interpretação de texto (91,18%).
  • Em Matemática, o assunto mais recorrente é a trigonometria, geometria plana e geometria espacial, com 12,42% nos dois primeiros casos e 11,76% no terceiro caso. Funções aparece em 9,8% das provas.
  • Em História, os assuntos mais recorrente são o Mundo Contemporâneo (11,64%), História do Brasil - Sistema Colonial (11,1%), e Idade Moderna (10,58%)
  • Em Geografia, é recorrente temas sobre População (11%) e Questões Ambientais (10,62%)
  • Em Biologia, cai mais Ecologia (18.7%) e Fisiologia animal e humana (16,7%).
  • Em Física, cai Mecânica (40%) e eletricidade (15,7%).
  • Em Química, os assuntos mais recorrentes são Físico-química (33,9%) e Química Geral (32,7%)

Unicamp

, interdisciplinar e analítica, embora as questões de matemática sejam mais "convencionais", sem a contextualização que é tão frequente no Enem, por exemplo.

A Unicamp também conta com várias ações voltadas à inclusão, como o vestibular para indígenas. Há cotas para estudantes da rede pública e o aluno que estudou com bolsa em escola particular também tem um incentivo para o ingresso, por meio de bonificação na nota, explica Perry.

A prova deste ano teve ainda outra alteração. Devido à pandemia, não cairá na prova conteúdos do 3º ano do ensino médio. O foco será no conteúdo do primeiro e segundo anos.

A universidade afirma que não vai adotar as notas do Enem neste ano por incompatibilidade de calendários. O Enem prevê divulgar os resultados em 29 de março, mas as aulas na Unicamp vão começar antes, em 15 de março.

Raio-X da Unicamp: levantamento foi feito pelo SAS com os temas que mais caíram nos últimos anos aponta que:

  • Em Língua Portuguesa, a interpretação textual está presente em 52,7% das questões
  • Em Inglês, a interpretação é 94,6% da prova
  • Em Matemática, funções é 13,9% das questões na prova, seguida por geometria plana (10,2%)
  • Em História, o Mundo Contemporâneo está em 15,75% das provas, seguida pelo Mundo Moderno (13,3%)
  • Em Geografia, o tema mais recorrente é Geopolítica (12,6%), seguida por Questões Ambientais (9,4%)
  • Em Biologia, estão muito presentes questões dobre o Reino Animal (17,5%) e Genética (16,6%)
  • Em Física, Mecânica cai em 53,8% das provas
  • Em Química, Físico-Química está em 45,6% das questões

Calendário dos vestibulares

  • Unicamp: 6 e 7 de janeiro
  • Fuvest: 10 de janeiro
  • Enem: 17 e 24 de janeiro (impressa) e 31 de janeiro e 7 de fevereiro (digital)

Fonte:  Elida Oliveira, G1