Doria critica Covas por antecipação de feriados na cidade de SP diz que 'faltou bom senso' da prefeitura

Doria critica Covas por antecipação de feriados na cidade de SP diz que 'faltou bom senso' da prefeitura
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), atualiza em coletiva de imprensa os últimos dados sobre o combate à covid-19 no estado, no Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da cidade, nesta segunda-feira, 15 de março de 2021 — Foto: DEIVIDI CORREA/ESTADÃO CONTEÚDO

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez críticas ao prefeito Bruno Covas, que decidiu antecipar cinco feriados municipais para tentar frear o avanço da doença no município.

Ele afirmou que a medida gerou mal-estar com prefeitos de cidades do litoral paulista e classificou como falta de bom senso da gestão municipal.

“As prefeituras têm autonomia para suas decisões, e nós reconhecemos isso. Mas há certas decisões que o bom senso recomenda que sejam compartilhadas previamente com o governo dado ao fato de que a decisão de uma cidade muitas vezes implica em impacto nas cidades vizinhas. Faltou aí um pouco de bom senso da Prefeitura de São Paulo em fazer esse compartilhamento prévio para evitar exatamente o mal-estar que acabou provocando", disse o governador.

As afirmações foram dadas durante visita à sede do Instituto Butantan. O governador esteve no local para acompanhar a liberação de mais 2 milhões de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde.

Questionada, a assessoria de Bruno Covas (PSDB) disse que o prefeito está no Hospital Sírio-Libanês para mais uma sessão de quimioterapia, e fez a seguinte declaração sobre os comentários:

“O senso que falta é o senso de urgência. Aqui na Prefeitura tem menos falação, foco no trabalho e colaboração. Faço o máximo que posso para defender o povo da minha cidade. Sempre aberto a colaborar com outras cidades e com o governo do Estado. Mas cada um precisa assumir suas responsabilidades.”

Na avaliação de Doria, a proposta deveria ter sido discutida com o governo e demais cidades do estado.

"Nós alertamos ontem a Prefeitura de São Paulo de que uma medida como essa deveria ser discutida previamente com o governo do estado de São Paulo e com os prefeitos da região metropolitana e também do litoral e não anunciados sem esse tipo de entendimento, porque gera evidentemente dúvidas e preocupações em prefeitos, sobretudo do litoral de SP, litoral norte, baixada santista, litoral sul, em relação ao volume de pessoas que poderiam se dirigir a estas cidades diante de um feriado prolongado "

"Infelizmente a decisão do prefeito foi anunciar sem esse tipo de entendimento prévio", afirmou Doria.

Segundo o governador, o Centro de Contingência da Covid-19 estuda alternativas para minimizar os impactos da antecipação do feriado na capital e disse que irá atender às solicitações dos municípios para evitar superlotação, principalmente nas cidades do litoral. As medidas serão anunciadas em coletiva de imprensa no início da tarde.

"Vamos tentar reduzir isso ao mínimo possível e atender as demandas dos prefeitos.”

'Não é para ir para praia'

Mais cedo, em entrevista ao Bom Dia SP, o secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, disse a decisão de antecipar os cinco feriados municipais foi tomada para tentar forçar as pessoas a ficarem em casa.

"Essas restrições, os feriados, não é para ir para a praia. É para ficar em casa, porque nós não temos mais leitos para tratar as pessoas. (...) Os grandes hospitais privados aqui estão com mais de 100% de ocupação. Tem que colocar na cabeça: se pegar a doença, não vai ter leito para ser tratado", afirmou o secretário em entrevista ao Bom Dia São Paulo.

"Nós acreditamos que com os feriados a gente possa a reduzir muito a circulação de pessoas aqui na cidade, e essa como uma última medida, derradeira, antes de tomarmos uma medida mais drástica, que evidentemente precisa ser articulada com os municípios da região metropolitana e com o governo do estado".

Aparecido defendeu que um lockdown precisaria organizado pelo governo do estado para que seja possível paralisar o transporte, mas garantir o deslocamento de profissionais de áreas essenciais, além da segurança e fiscalização.

"Se a gente for suspender o transporte, que é a medida mais eficaz para fazer talvez um lockdown, como é que a gente transporta os profissionais de saúde? Isso precisa ser pensando, articulado, ser feito em conjunto com os municípios para que tenha efetividade".

Feriados

A Prefeitura de São Paulo anunciou nesta quinta (18) a antecipação de cinco feriados municipais e uma mudança no horário do rodízio. A nova regra do rodízio, que passará a valer das 20h às 5h, entra em vigor na segunda-feira (22).

Foram antecipados dois feriados de 2021 (Corpus Christi; de junho; e Dia da Consciência Negra, de novembro) e três feriados de 2022 (aniversário de São Paulo, de janeiro; Corpus Christi, de junho; e Dia da Consciência Negra, de novembro).

Como fica o calendário

Veja, abaixo, as datas:

  • 26 de março – sexta-feira (feriado municipal)
  • 27 de março – sábado
  • 28 de março – domingo
  • 29 de março – segunda-feira (feriado municipal)
  • 30 de março – terça-feira (feriado municipal)
  • 31 de março – quarta-feira (feriado municipal)
  • 1° de abril – quinta-feira (feriado municipal)
  • 2 de abril – sexta-feira (feriado nacional; Paixão de Cristo)
  • 3 de abril – sábado
  • 4 de abril – domingo


A medida visa reduzir a circulação de pessoas nas ruas e mira setores da indústria e empresas que ainda seguem funcionando durante a fase emergencial, em vigor em todo o estado desde a última segunda-feira (15).

 

Isolamento social

Não é a primeira vez que a gestão de Covas decide antecipar feriados como estratégia para frear a contaminação pelo coronavírus. Em maio de 2020, a prefeitura antecipou os feriados de Corpus Christi e o da Consciência Negra.

Nesta quinta (18), Covas defendeu que a antecipação no ano passado trouxe uma "uma melhora nos índices de circulação" e citou "bons índices de 60% [de isolamento social]".

Entretanto, a taxa não chegou a 60% em nenhum dos dias de feriado antecipado em 2020. Na época, os índices ficaram entre 49% e 52% nos dias de semana e chegou à máxima de 57% apenas em um domingo, número 1 ponto percentual acima do valor identificado no domingo em que não houve feriado prolongado.

Fonte: G1 SP — São Paulo