Acordo com EUA pode evoluir para livre comércio, diz conselheiro da Casa Branca

Acordo com EUA pode evoluir para livre comércio, diz conselheiro da Casa Branca
O conselheiro da Casa Branca, Robert O'Brien, que participou de evento em São Paulo Foto: Mandel Ngan / AFP

SÃO PAULO e BRASÍLIA — O conselheiro de segurança dos Estados Unidos, Robert C. O’Brien, afirmou nesta segunda-feira, em um evento da Fiesp, que o acordo de facilitação comercial a ser assinado hoje entre Brasil e seu país pode evoluir, no futuro, para reduções de tarifas. Segundo ele, contudo, um acordo de livre comércio ainda precisa passar por algumas etapas.

— O acordo que será anunciado hoje (em Brasília) será um sinal muito positivo para o futuro, para um acordo de colaboração ainda mais abrangente entre EUA e Brasil que, em última análise, pode levar a um acordo de livre comércio entre os países, mas queremos fazer isso passo a passo — afirmou O’Brien.

Ele afirmou, na sequência, que é preciso “ter certeza” que este acordo a ser assinado hoje será bom para os dois países. O acordo prevê a redução de burocracia e de trâmites para o comércio entre as duas nações.

Demonstrando otimismo mesmo no fim do mandato americano, o conselheiro afirmou que a relação entre os dois países é “estratégica”, que os dois países são semelhantes, democracias de tamanhos comparáveis, e que o potencial da cooperação econômica entre os dois países, “é praticamente ilimitado”.

Em evento virtual  promovido pela Câmara de Comércio dos EUA na manhã desta segunda-feira, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que os três acordos bilaterais devem "reduzir burocracias e trazer mais crescimento" ao comércio entre os dois países.

O pacote de medidas de facilitação do comércio, antecipado pelo GLOBO, pode baratear em até 15% os custos com o intercâmbio bilateral, que este ano somou US$ 29,8 bilhões no período de janeiro a agosto.

Sem garantia de acesso a mercado

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também avalia que os acordos que serão assinados hoje abrem caminho para negociar um tratado de livre comércio com os americanos. Mas isso só seria possível se os termos fossem negociados com todos os países do Mercosul.

Pelas regras atuais do bloco, não se pode negociar separadamente um acordo que prevê a queda das tarifas. Daí a razão de os acordos que serão assinados nesta segunda-feira não significarem o maior acesso de produtos brasileiros ao mercado americano.

Assinatura de cartas de intenção

No evento da Fiesp também foi anunciada a assinatura duas cartas de intenções entre o Corporação Financeira para o Desenvolvimento Internacional (DFC) e instituições brasileiras.

Foram firmadas parcerias para eventuais investimentos de US$ 300 milhões com o BTG Pactual para apoiar a expansão da carteira de empréstimos para pequenas e médias empresas (PMEs) e US$ 259 milhões para a Smart Rio, projeto de iluminação pública no Rio de Janeiro.

Fonte: Henrique Gomes Batista, Eliane Oliveira e Victor Farias/ O Globo